sábado, 26 de fevereiro de 2011

Um novoooo teeeeempooooooooooooo

Depois as pessoas ainda perguntam se Deus existe.... na verdade eu já me perguntei isso várias vezes mas minha gente, Ele existe mesmo!!!!

E digo mais, ele escreve certo por linhas beeeem tortas, quase um caracol engruvinhado em uma cama de gato.....

Tenho um mural de visualizações e tenho muitos sonhos, mas ultimamente me afastei deles por colocar o interesse alheio em primeiro lugar.... assim como entreguei a minha felicidade, meu precioso coração nas mãos de terceiro... e assim fui me anulando, me sentindo dependente, eu não me sentia mais inteira, completa, sabe? Como se eu não tivesse alguém do meu lado eu não fosse feliz....

E isso é extremamente perigoso, pois quando estamos fragilizados criamos monstros, criamos quimera e... criamos pessoas....

Na verdade idealizamos pessoas, como se elas fossem perfeitas, não tivessem defeitos e o pior, como se existissem para superar nossas expectativas.... resultado? Frustração, mágoa, rancor, separação.....

Eu me apaixonei por uma idéia de namorado que nunca existiu... eu criei um ser mitológico, heróico, príncipe encantado que estava sofrendo por mim e que na hora certa ele iria voltar.... mas ontem, ao conversar com esse ser épico pelo telefone, toda a imagem do príncipe no cavalo branco caiu por terra.... enxerguei o humano, simplesmente ele como pessoa, sem feitos heróicos, sem espadas nem bandidos.... ele como ele realmente é.... e desencanei....

É complicado quando a afinidade e a admiração se quebram, pois quando elas se vão já não resta mais nada.... e ontem eu vi que algo se quebrou.... estava a conversar com um estranho, como se fosse alguém que sequer fez parte do meu convívio, alguém que eu imaginei sentir muita falta... até ontem....

Acho que o saldo foi bem positivo, pois sinceramente? Ninguém vale o nosso sofrimento.... enquanto estamos tristes, sofrendo, esperando a vida passar e o tempo amenizar a dor, a pessoa já está indo pras festas, se divertindo e se bobear já com alguém substituindo o lugar que um dia ocupamos.....

Eu já me perguntei várias vezes se existe amor ou se hoje o que rege as relações humanas é o interesse.... mas eu não vou perder a fé, pois os que temem a vida já estão meio mortos e os que perdem a fé, perdem também  a sua alma, o entusiasmo que nos faz seguir em frente.

Eu estou mudando minha mentalidade e agora sempre espero um amanhã melhor que o hoje...

Afinal.....
Depois da tempestade sempre vem o arco iris!!!!

foto filme Sonhos, Akira Kurosawa

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão....

Não sou escravo de ninguém


Ninguém, senhor do meu domínio
Sei o que devo defender
E, por valor eu tenho
E temo o que agora se desfaz.

Viajamos sete léguas
Por entre abismos e florestas
Por Deus nunca me vi tão só
É a própria fé o que destrói
Estes são dias desleais.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Reconheço meu pesar
Quando tudo é traição,
O que venho encontrar
É a virtude em outras mãos.

Minha terra é a terra que é minha
E sempre será
Minha terra tem a lua, tem estrelas
E sempre terá.

II

Quase acreditei na sua promessa
E o que vejo é fome e destruição
Perdi a minha sela e a minha espada
Perdi o meu castelo e minha princesa.

Quase acreditei, quase acreditei

E, por honra, se existir verdade
Existem os tolos e existe o ladrão
E há quem se alimente do que é roubo
Mas vou guardar o meu tesouro
Caso você esteja mentindo.

Olha o sopro do dragão...

III

É a verdade o que assombra
O descaso que condena,
A estupidez, o que destrói

Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais
Tenho os sentidos já dormentes,
O corpo quer, a alma entende.

Esta é a terra-de-ninguém
Sei que devo resistir
Eu quero a espada em minhas mãos.

Eu sou metal, raio, relâmpago e trovão
Eu sou metal, eu sou o ouro em seu brasão
Eu sou metal, me sabe o sopro do dragão.

Não me entrego sem lutar
Tenho, ainda, coração
Não aprendi a me render
Que caia o inimigo então.

IV

- Tudo passa, tudo passará...
E nossa história não estará pelo avesso
Assim, sem final feliz.
Teremos coisas bonitas pra contar.

E até lá, vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos.
O mundo começa agora
Apenas começamos.

E quase que eu me esqueci que o tempo não pára nem vai esperar....

Talvez esteja na hora de eu dobrar o joelho, rezar mais e reclamar menos....

Às vezes, em meio ao turbilhão de emoções, nos tornamos pessoas reclamonas e negativas.... e como a lei da atração universal é um fato, acabamos por atrair pra gente mais coisas ruins.....

Há muito que ando na corda bamba.... mas tenho recebido muitos sinais....

É um puxão de orelha para que eu não fuja do meu caminho, um puxão de orelha para que eu me volte mais para o meu lado espiritual, outro para que eu curta a minha solidão e o meu momento, para que eu me descubra e agora, o último para que eu agradeça mais por ser uma pessoa completa e com saúde....

Domingo eu e a Bisquit (meu palhaço) fomos fazer visita nas casas de doentes que não podiam se locomover até os hospitais e que eram, por isso, atendidos em domicílio....

Foi uma parceria com a prefeitura de mogi mirim (ADOT e o depto de saúde) e o Alegra, grupo do qual eu faço parte....

Fomos.... e em meio ãs 21 visitas feitas durante o domingo todo, alguns fatos me marcaram....

Primeiro montamos nossa escola de samba Unidos do Bambu, com nosso querido Belmiro como rei da bateria, rsrssr

Foi muito bom ver o sorriso no rosto das pessoas e o quanto eles ficaram felizes por se sentirem cuidados, por se verem lembrados e como o sorriso e esse tipo de visita muda o ambiente inteiro.....

Foram várias histórias de lutas, de superação e fé, muita fé.....

E disso eu tirei o quão pequenos nós somos pra viver o passado ou o futuro, deixando pra trás o que nos é mais precioso: o presente...

Perdemos tanto tempo com raiva, rancor, remorso, medos, tristezas que esquecemos o quanto essa vida é curta e o quanto temos a agradecer por ter saúde e por estarmos vivos....

A felicidade cabe à cada um de nós.... depende da forma como administramos as situações que a vida põe diante de nós, para que nos fortaleçamos....

Agora quero viver só o presente....

Se eu estou triste, fico com muinha tristeza, curto minha tristeza e tiro o máximo de lição dela, sabendo que amanha ela vai desaparecer...

E eu continuarei aqui, viva e feliz...

Não tenho mais medo de amar o próximo, de me doar, de ser feliz....

Agora é um momento de eu me fechar e refletir... mas na hora certa, tudo vai dar certo, pois se ainda não deu, é porque ainda não é o fim..... 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

No rain

All I can say is that my life is pretty plain

I like watchin' the puddles gather rain
And all I can do is just pour some tea for two
and speak my point of view
But it's not sane, It's not sane

I just want someone to say to me, oh oh oh oh
I'll always be there when you wake
You know I'd like to keep my tears dry today
So stay with me and I'll have it made

And I don't understand why I sleep all day
And I start to complain that there's no rain
And all I can do is read a book to stay awake
And it rips my life away, but it's a great escape
escape......escape......escape......

All I can say is that my life is pretty plain
you don't like my point of view
you think I'm insane
Its not sane......it's not sane.

I just want someone to say to me, oh oh oh oh
I'll always be there when you wake
You know I'd like to keep my cheeks dry today
So stay with me and I'll have it made
and i'll have it made, and i'll have it made, and i'll have it made.....






sábado, 19 de fevereiro de 2011

Alguma coisa acontece no meu coração...

É engraçado como a vida é cíclica né?

Não sei se o mundo é uma skol, mas que é redondo é... às vezes estamos por cima, às vezes ficamos por baixo e acho que tudo depende mais de como nos saímos da situação e damos a volta por cima do que da situação em si.....

Comecei a escrever pois, além de amar escrever poesias, de ler, assistir a filmes alternativos eu precisava de uma válvula de escape, pois tinha tomado uma rasteira tão grande que achei que nunca sairia dessa.... pra mim a vida tinha acabado naquele momento...

Mas hoje vejo que não, que na época sofri mais por ego do que por sentimento e, quando me dei conta disso fui ser feliz e deixei meu passado pra trás....

Eu comecei a fazer terapia,  me desapeguei de relacionamentos envelhecidos, deixei pra trás um enrosco de quatro anos e também cortei da minha vida as pessoas que nada me agregavam.....

Conheci muita gente interessante, fui voluntária no projeto dos palhaços no hospital daqui, fiz dois cursos de palhaço, um de improviso, procurei emprego, consegui O emprego, foquei mais nos concursos... e nesse período algo aconteceu....

Muitas pessoas me vêem como uma rocha, como se eu me recuperasse logo e não sofresse por relacionamento nenhum nem por ninguém... não sei de onde tiraram isso, mas enfim... eu confesso que relacionamento sério com intimidade e profundidade sempre me amedrontou, fugi algumas vezes até que encontrei aquela pessoa...

Sabe A pessoa que te completa? Que só de ligar deixa seu dia completo e feliz? Que você admira e fica pensando a pessoa de sorte que é por tê-la do lado.... alguém com senso de humor, inteligente, na mesma profissão que você e que compartilhava a mesma visão de mundo... ao menos era o que eu achava né?

Não tive dúvidas, baixei a guarda e entrei de cabeça.... claro que não pensava em casar amanhã, as coisas estavam indo e eu estava muito feliz... achei que ja tinha encontrado a pessoa que eu queria do meu lado no presente!!! Ele foi o meu presente mais precioso...

Mas de repente tudo acabou... e foi de repente mesmo.... e ele foi embora.....

Não sei se foi uma máscara que ele usou ou se foi uma fatalidade... tudo que eu sei é que nós tivemos uma segunda chance ele jogou isso fora....

Por muito tempo eu fiquei pensando o motivo, se era medo de relacionamento, mas cheguei a conclusão que ele se foi porque foi empolgação e ele não gostava de mim a ponto de namorar.....

Eu não procurei, afinal de contas, apesar de sentir falta dele, sou mais eu e prefiro sofrer tudo de uma vez do que em doses homeopáticas...

Mas hoje ainda penso se tudo que a gente passou foi uma mentira.... a gente tinha prometido que se acontesse alguma coisa a gente ia conversar um com o outro... e ele ficou pensando duas semanas antes de vir falar comigo para terminar, já decidido....

E ele já estava com o carnaval dele combinado....

Triste né???

Já passei pelo estágio da revolta, da negação e agora da aceitação... é a frase, o que puder fazer, faça; o que não puder fazer, aceite....

Talvez eu tenha perdido muito, mas nesse mundo individualista onde as pessoas (a maioria, não podemos generalizar, né?) só se preocupam consigo, ele perdeu muito mais.... não desejo o mal e desejo que ele seja feliz e que um dia se encontre e encontre alguem que o faça feliz.... 

Eu to aqui... ainda em pedaços, perdida, sem chão e tentando me refazer..... antes eu amava os finais de semana e agora não vejo a hora que eles passem muito rápido

Voltei a fazer tecido acrobático, programei meu carnaval, to lendo os irmãos karamazov e fiz uma lista com as coisas que eu quero fazer em 2011 e voltei a estudar.....

Agora é me fechar, prestar mais atenção em mim, eu me refazer e seguir em frente.... com a cabeça erguida....

E se eu tenho fé e se eu ainda acredito em amor?

SIM! Sempre... pois se eu não continuar acreditando eu perco minha essência.... eu sou humana, cheia de defeitos, imperfeições e muiiiitos sonhos!!!!!!

E essa música reflete muito o momento.....

Hollow Years

Dream Theater

He's just the kind of man
You hear about
Who leaves his family for
An easy out
They never saw the signs
He never said a word
He couldn't take another day

Carry me to the shoreline
Bury me in the sand
Walk me across the water
And maybe you'll understand

Once the stone
You're crawling under
Is lifted off your shoulders
Once the cloud that's raining
Over your head disappears
The noise that you'll hear
Is the crashing down of hollow years

She's not the kind of girl
You hear about
She'll never want another
She'll never be without
She'll give you all the signs
She'll tell you everything
Then turn around and walk away

Carry me to the shoreline
Bury me in the sand
(Into the waves)
Walk me across the water
And maybe you'll understand

Once the stone
You're crawling under
(Once the stone)
Is lifted off your shoulders
Once the cloud that's raining
Over your head disappears
The noise that you'll hear
Is the crashing down of hollow years

Carry me to the shoreline
Bury me in the sand
(Into the waves)
Walk me across the water
And maybe you'll understand

Once the stone
You're crawling under
Is lifted off your shoulders
Once the cloud that's raining
Over your head disappears
The noise that you'll hear
Is the crashing down of hollow years

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A Metamorfose

O Teatro Mágico

Notas de um observador:


Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.

Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.

Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.

Assim são os insetos interiores.
A futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, in(f)vertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se

A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O último por do sol

A onda ainda quebra na praia,

Espumas se misturam com o vento.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sentindo saudades do que não foi
Lembrando até do que eu não vivi
pensando nós dois.

Eu lembro a concha em seu ouvido,
Trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz lembrando nós dois

Os edifícios abandonados,
As estradas sem ninguém,
Óleo queimado, as vigas na areia,
A lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,
Por entre os dedos da minha mão passaram certezas e dúvidas

Pois no dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei sozinho no mundo, sem ter ninguém,
O último homem no dia em que o sol morreu

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Trial of Tears

Dream Theater

Essa música é minha filosofia de vida

I. It's Raining

Under the sun, there is nothing to hide
Under the moon, a stranger waits inside
People disappear
The music fades away
Splashing through the rain
I'll dream with them one day

It's raining, raining,
On the streets of New York City
It's raining, raining, raining, deep in heaven
I may have wasted all those years
They're not worth their time in tears
I may have spent too long in darkness
In the warmth of my fears

Take a look at yourself
Not at anyone else
And tell me what you see
I know the air is cold
I know the streets are cruel
But I'll enjoy the ride today

It's raining, raining,
On the streets of New York City
It's raining, raining, raining deep in heaven
Raining deep in heaven

I may have wasted all those years
They're not worth their time in tears
I may have spent too long in darkness
In the warmth of my fears

As I walk through all my myths
Rising and sinking like the waves
With my thoughts wrapped around me
Through a trial of tears
Hidden by disguise, stumbling in a world
Feeling uninspired, he gets into his car
Not within his eyes to see, open up, open up
Not much better than the man you hate

II. Deep In Heaven (instrumental)

III. The Wasteland
Still awake
I continue to move along
Cultivating my own nonsense
Welcome to the wasteland
Where you'll find ashes, nothing but ashes
Still awake
Bringing change, bringing movement, bringing life
A silent prayer thrown away,
Disappearing in the air
Rising, sinking, raining deep inside me
Nowhere to turn,
I look for a way back home

It's raining, raining, raining deep in heaven
It's raining, raining, raining deep in heaven
It's raining, raining, raining deep in heaven
It's raining, raining, raining deep in heaven

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Dê um rolê...

Não se assuste pessoa
Se eu lhe disser que a vida é boa
Não se assuste pessoa
Se eu lhe disser que a vida é boa

Enquanto eles se batem
Dê um rolê e você vai ouvir
Apenas quem já dizia
Eu não tenho nada
antes de você ser eu sou

Eu sou, eu sou, eu sou amor
Da cabeça aos pés
E só tô beijando o rosto de quem dá valor
Pra quem vale mais o gosto do que cem mil réis

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mário Quintana...

OS DEGRAUS


Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...



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A VERDADEIRA ARTE DE VIAJAR


A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!


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DAS UTOPIAS


Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

A fé solúvel

É, me esqueci da luz da cozinha acesa

de fechar a geladeira
De limpar os pés,
Me esqueci Jesus!
De anotar os recados
Todas janelas abertas,
onde eu guardei a fé... em nós

Meu café em pó solúvel
Minha fé deu nó
Minha fé em pó solúvel

É... meu computador
Apagou minha memória
Meus textos da madrugada
Tudo o que eu já salvei

E o tanto que eu vou salvar
Das conversas sem pressa
Das mais bonitas mentiras

Hoje eu não vivo só... em paz
Hoje eu vivo em paz sozinho
Muitos passarão
Outros tantos passarinho
Muitos passarão

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor

Um favor... por favor

A razão é como uma equação
De matemática... tira a prática
De sermos... um pouco mais de nós!


sábado, 5 de fevereiro de 2011

Modo de usar-se

"Coitada, foi usada por aquele cafajeste". Ouvi essa frase na beira da praia, num papo que rolava no guarda-sol ao lado. Pelo visto a coitada em questão financiou algum malandro, ou serviu de degrau para um alpinista social, sei lá, só sei que ela havia sido usada no pior sentido, deu pra perceber pelo tom do comentário. Mas não fiquei com pena da coitada, seja ela quem for.

Não costumo ir atrás desta história de "foi usada". No que se refere a adultos, todo mundo sabe mais ou menos onde está se metendo, ninguém é totalmente inocente. Se nos usam, algum consentimento a gente deu, mesmo sem ter assinado procuração. E se estamos assim tão desfrutáveis para o uso alheio, seguramente é porque estamos nos usando pouco.

Se for este o caso, seguem sugestões para usar a si mesmo: comer, beber, dormir e transar, nossas quatro necessidades básicas, sempre com segurança, mas também sem esquecer que estamos aqui para nos divertir. Usar-se nada mais é do que reconhecer a si próprio como uma fonte de prazer.

Dançar sem medo de pagar mico, dizer o que pensa mesmo que isso contrarie as verdades estabelecidas, rir sem inibição – dane-se se aparecer a gengiva. Mas cuide da sua gengiva, cuide dos dentes, não se negligencie. Use seu médico, seu dentista, sua saúde.

Use-se para progredir na vida. Alguma coisa você já deve ter aprendido até aqui. Encoste-se na sua própria experiência e intuição, honre sua história de vida, seu currículo, e se ele não for tão atraente, incremente-o. Use sua voz: marque entrevistas.

Use sua simpatia: convença os outros. Use seus neurônios: pra todo o resto.

E este coração acomodado aí no peito? Use-o, ora bolas. Não fique protegendo-se de frustrações só porque seu grande amor da adolescência não deu certo. Ou porque seu casamento até-que-a-morte-os-separe durou "apenas" 13 anos. Não enviuve de si mesmo, ninguém morreu.

Use-se para conseguir uma passagem para a Patagônia, use-se para fazer amigos, use-se para evoluir. Use seus olhos para ler, chorar, reter cenas vistas e vividas – a memória e a emoção vêm muito do olho. Use os ouvidos para escutar boa música, estímulos e o silêncio mais completo. Use as pernas para pedalar, escalar, levantar da cama, ir aonde quiser. Seus dedos para pedir carona, escrever poemas, apontar distâncias. Sua boca pra sorrir, sua barriga para gerar filhos, seus seios para amamentar, seus braços para trabalhar, sua alma para preencher-se, seu cérebro para não morrer em vida.

Use-se. Se você não fizer, algum engraçadinho o fará. E você virará assunto de beira de praia.

M. Medeiros

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Soneto de Separação

Vinícius de Morais

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Os três mal amados.....

Alguém já chegou a se perguntar se o verdadeiro amor realmente existe?

Eu vejo o amor em cada pequeno gesto.... nas bolinhas de sabão, nos casais andando de mãos dadas e de repente quando se abraçam, no sorriso espontâneo, na Grá e no Gui, mas eu sinto que isso não é pra mim não, não nessa vida... é triste dizer isso, mas eu não acredito mais no amor.....



O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.


O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.