quinta-feira, 7 de março de 2013

Entorpecida

por Carol Masotti,

Não sei sentir.
Não quero mais sentir.
Por trás de palavras doces,
sinto o gosto do fel
e do veneno que se espalha,
percorrendo a corrente sanguínea,
até atingir o coração.
Por trás de olhares misteriosos
vejo o brilho do metal
e a faca perfurando a carne,
pelas costas,
vertendo todo o sangue,
matando a pureza,
desfalecendo o engano....
fazendo brotar um leve sorriso de satisfação.....
Vejo em cada atitude, uma suspeita...
eu paro,
analiso,
fico na espreita....
Olho para os lados
e por trás do falso interesse,
dos falsos gesto de bondade e caridade
vejo expressões vazias,
desejos macabros
e a vontade de ver o outro no chão...
Olho para frente
e não vejo nada....
não tenho perspectiva para um futuro....
pessoas? Não acredito nelas....
futuro? O que é o futuro?
Espero sem forças o golpe de misericórdia....
hoje, caída, não tenho forças pra levantar....
o sol escaldante queima minha pele
e o tempo rasga estas marcas,
novamente as abre, as faz sangrar,
feridas eternamente abertas....
pútridas
fétidas
E eu sem chão,
sem ter em que acreditar,
sinto o escárnio
e o escarro
daquilo que se chama vida.

"Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive..."