quarta-feira, 21 de novembro de 2012

21.11.2012


Este masoquismo mórbido...
Estes tremores súbitos,
Me consomem,
Não somem,
Não soma,
Me puxa para baixo,
Para o fim do poço....
Se ao cavar a terra,
O buraco profundo me engolisse
E  me levasse  de volta ao passado....
Talvez um túnel do tempo
Me devolvesse as cores,
A esperança,
Os amores....
A vontade de viver
E de ser quem eu sou.....

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Versos brancos e versos livres...

 Versos brancos e versos livres...
Dizer isto é contrassenso.
Paradoxo,
Paranoico.
Versos brancos,
Pensamentos brancos,
Neutros,
Opacos,
Sem expressão.
Assim são também meus sentimentos
Frente ao que minha racionalidade fala
Mas que minha boca cala.
Assim também é minha revolta,
Frente aos monopólios,
À realidade social,
À miséria,à pobreza, à política...
Revolta branca, revolta branda,
Por meio das redes sociais,
Hipocrisias individuais,
Sentimento de impotência,
Diante da apática multidão....

Versos livres,
Versos utópicos, inexistentes....
Versos livres arrastados,
Descompassados,
Passados,
Pesados...
Que carregam em si as correntes dos escravos,
Mascarada pelo brilho do ouro contido nelas,
Pela venda de uma liberdade sem limites,
Liberdade que aprisiona,
Que lesiona,
Liberdade liberal,
Liberdade mortal...
Que definha,
Espreme,
Exprime....
Oprime e comprime,
Que traz em sua essência
O distanciamento entre a palavra e o ato
O fim e os fatos....
O hiato.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Hoje....

Esta palavra tão simples
que apresenta tanta complexidade....
que dança, balança, se dissolve como fumaça...

em uma linha tênue
na corda bamba
ele anda,
ele vacila,
ele trepida,
ele avança....

entre idas e vindas
entre o passado e o futuro
ele se faz eternamente...
ele,
o senhor do presente...
o Hoje, tão só
aparece e fica,
momentaneamente....

sábado, 21 de abril de 2012

Poesia nova....

Noite chuvosa, nada pra se pensar...
Cabeça cheia/ cabeça vazia...
E nada para se pensar?
... Nada?
Nada a se fazer com o tédio
E com este sentimento de vazio e solidão...
Hoje não haveria diferença se cortasse os pulsos ou uma foto,
idéias, idéias, idéias, ideais, ais...
Hoje o sangue não corre em minhas veias
Nem tampouco nada interessante me acomete para falar...
São só palavras,
Vazias,
Vazias como a minha vida.....
Tento preencher com bebida
Mas o copo se parte em mil pedaços...
Tento preencher com alimento...
Mas meu estomago dói,
Tento preencher o tempo,
Mas ele se esvai...
E novamente me encontro só....
E com essa vontade louca de cair como a chuva,
Correr como a enxurrada....
e acabar numa vala, numa boca de lobo...
cair na boca do lobo....
eu cordeiro, cego, surdo e bobo....
Então me jogo na cama,
E apenas observo a chuva cair,
Sem nada pra fazer....
Noite chuvosa, noite pra se pensar....
Pensar em nada....
Apenas NADAR.....

quarta-feira, 28 de março de 2012

Meu filho, você não merece nada, por Eliane Brum

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

fontes:

quarta-feira, 7 de março de 2012

Os quatro amigos

Olhos sem brilho,
Pálpebras caídas,
O peito aperta o coração.
A motivação se esconde.
O sono não vem.
O apetite não aparece.
Sorrisos que não se mostram.
Lágrimas incontidas.
Aquela dor de cabeça.
Aquele peso no pescoço.

Os pensamentos se agitam.
Os sentimentos se turvam.
A razão fica sem razão.

A saudade que machuca.
A preocupação com o amanhã.
A ansiedade pela solução.
A hipertensão pelo estresse
A doença que dói.
Os problemas da vida.
A dor pelo fim da vida.
O desprezo e o preconceito.
A solidão e a angústia.
A depressão...

Se você está assim,
Sugiro que saia correndo.
Corra muito, muito rápido.
Corra até o fôlego acabar.
Esconda-se atrás de um arbusto
Em um lugar isolado e escuro.
Melhorou? Não?!
Escutou uma risada?!
Olhe para o lado.
Tem alguém rindo de você.
É a tristeza.
Isso mesmo, a tristeza está rindo!
Você não pode fugir dela.
Ela nem está ofegante!

Fique em silêncio.
Ouviu um choro bem baixinho?
Olhe para o outro lado.
É a alegria chorando.
Você também não pode fugir dela.
Nem ela de você.
Por que ela está chorando?
Porque ela pensa que você está fugindo dela.
Porque você só olha para a tristeza.

E agora?!
Você está confuso?
Apresente-se às duas.
Pergunte seus sobrenomes.
Apresente uma à outra.
Desista de correr.
Viva este momento.
Só este momento.
Tornem-se amigos.
Fique em silêncio de novo.
Observe.
Tem mais alguém...
Chorando com a alegria,
Rindo com a tristeza.
Aproxime-se.
Apresente-se.
Pergunte o seu nome.
Agora chore ou sorria.
Você conheceu a paz

Ricardo Esteves

domingo, 29 de janeiro de 2012

Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor..... Mário Quintana

Eu escrevi um poema triste

Mário Quintana

"EU ESCREVI UM POEMA TRISTE

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!"

sábado, 21 de janeiro de 2012

Ei, você

Ei, você
que não sabe o quanto sinto sua falta
e que hoje, ao menos, continuará sem saber...
Ei, você
que teme os meus medos,
que os confude com os seus,
que teme o frio,
a seca, a sede, o cediço,
o movediço,
o fluxo,
o lixo, o luxo,
o empuxo...
Ei você,
que me completa e me separa,
que me confunde e me compara,
que faz com que eu grite
e com que eu me cale,
que faz com que eu sinta saudade
e piedade.
Ei você,
que faz com que eu sinta ódio,
sem perdão,
amor e indiferença,
que faz com que eu tenha rancor,
que faz com que eu me faça
e me disfarça...
Ei você,
apesar de tudo,
não suma...
Que eu preciso sentir a presença,
mesmo que fictícia...
Eu preciso da mentira
e do seu amor onírico,
eu preciso dessa ilusão,
para existir inteira,
eu preciso de você
para ir além
e ser um pouco mais de mim...

Carol Masotti

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

The dark Passenger

Na névoa escura e sombria, a sombra....
Ele aponta e se esconde por entre os cabelos
Trança, roça, entra....
Adentra seus pensamentos
Como um invasor cuidadoso,
Sorrateiro,
impostor
Percorre seu corpo através da corrente sanguínea
Deixando marcas por onde passa
Modificações....
Perda de colorações....
Seu corpo tenta combater,
Mas já é tarde...
Como um hospedeiro
Ele começa a fazer parte de você...
Após um período de incubação
Ele nasce,
Arranca suas entranhas,
Sua pele,
Seus cabelos,
E o brilho no seu olhar....
E agora não se pode mais evitar....
As sombras passam a cohabitar...
Jeito doce,
Jeito traiçoeiro....
Amargura, depressão....
Ódio, raiva, ira, rancor,
Sangue nas mãos...
Vontade de dançar,
Vontade de correr,
Vontade de beijar,
Vontade de morder,
Vontade de amar,
Vontade de foder....
Vontade de rezar,
Vontade de morrer....
Vontade de beber,
Vontade de cair,
Vontade de saltar
Do penhasco para encontrar...
Meu destino...
A liberdade de ser o que eu sou....

Se existir é dualidade,

Se ser completo é ser tudo,
O bem e o mal
O triste e o humano,
O belo e o profano
Eu aceito o desafio
de apenar ser... vir e ver...
De viver....

poesia minha

domingo, 15 de janeiro de 2012

Despertar é preciso

Vladimir Maiakovski




"Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada."