segunda-feira, 25 de abril de 2016

Bela,recatada e do lar

A matéria sobre Michelle Temer na Revista Veja causou grande repercussão e dividiu opiniões, afinal porque o movimento feminista fez tanto alarde e qual o problema da mulher ser bela, recatada e do lar? Eu respondo prontamente: problema algum, mas este não pode ser um fator limitador na vida da mulher e sua única opção.
Já acostumei ser taxada a chata das conversas, afinal, por que simplesmente não aceito e concordo com conversas que envolvem frases como o cara é feio e rico com a menina bonita, é interesse, certeza você não acha? Ou nossa olha que mulher feia para aquele cara que é tão lindo, porque ele não escolhe uma bonita, podia ter alguém melhor? Entende que tem a mesma raiz do celeuma da mulher bela, recatada e do lar? São os esteriótipos, é isso que combatemos!!!! Ao compactuar com estes esteriótipos estando perpetuando comportamento machista e isto não pode mais existir, não no século XXI...
A mulher pode ser bela, recatada do lar, do bar, da rua, da luta, lugar da mulher é onde ela quiser e é isso que o movimento feminista quis enfatizar com a linda campanha de fotos com o #belarecatadaedolar... é o empoderamento feminino... chega de opressão e chega de aceitar cegamente padrões machistas e patriarcais e absorvê-los como se fosse a única saída.... 
Esses dias um amigo chamou o feminismo de terrorista... apesar do respeito e carinho que nutro por esse amigo, ele é homem, dominador e não percebe que quem está sendo terrorista é ele... femininismo nada mais é que lutar pela igualdade de direitos entre homens e mulheres, nada além.... Terrorismo, e ainda ditador, é a necessidade de sentir que para ser amada é preciso ter um corpo perfeito, cabelos de comercial da Loreal, falar pouco, não ser independente, pois mulheres independentes assustam os homens, é ser bela, recatada e do lar, ler revistas que ensinem como enlouquecer seu homem na cama, mas sendo dama na sociedade, pois do contrário, será condenada ao ostracismo matrimonial, ser taxada de tiazona pela família e um fracasso por não ter arrumado o boy magia e casado....  geeeente é pesado!!!!!!! 
Tenho amigas lindas, surtando porque na casa dos 30 ainda não casaram, não tiveram filhos e as pessoas ainda vem me falar de feminismo terrorista??? Olha o que o patriarcalismo está fazendo com as mulheres!!! E se não queremos mais aceitar as correntes e rompemos com esse padrão, tal qual na alegoria da caverna de Platão, em que o prisioneiro consegue se desvencilhar da prisão e descobre que existe um mundo além das sombras e, ao retornar e contar sua experiência, somos ridicularizadas e até ameaçadas de morte pelos demais, que não conseguem ver o que ele viu, e o que nós vemos, ou sequer são capazes de entender o que ele sentiu e o que nós sentimos... é assim que vejo a humanidade do século XXI..... cega...
Parafraseando Saramago no livro a Caverna, cujo cerne envolve o tema do mito supra citado e do texto em questão:
Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem"

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Divagações sobre o patriarcalismo....


Agradecimento especial ao João Lopes que me ajudou na sincronização de voz e imagem!

Esse foi apenas um teste, peço desculpas antecipadamente pela qualidade do áudio...


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Moço, me desculpe....

Já dizia Nietzche:
“Nunca é alto o preço a pagar pelo privilégio de pertencer a si mesmo”....
Sabe, as mulheres, hoje em dia, são legais, bem resolvidas, inteligentes e muito prestativas. Gostam de cuidar, querem ser cuidadas, ou não,  mas isso não quer dizer que se sujeitem a fazer papel de amélia e dizer amém para tudo que você quiser. Lugar de mulher não é na cozinha, ou cumprindo papeis que ela prontamente se recusa a seguir, lugar de mulher é onde ela quiser...
Sei que não deve ser fácil ser homem hoje em dia, aposto que sente sua masculinidade posta em cheque o tempo todo, ou se faz parte do número de homens que admiro e ficam felizes em ver o empoderamento feminino, deve ser triste ter que desconstruir o machismo o tempo todo, ou ter que conviver com ele.... Se faz parte do segundo grupo, esse texto não é para você. Caso não faça parte, vamos falar disso agora?
Você se sente pequeno quando sua companheira ganha mais do que você ou resolve sair com suas amigas para ver um jogo de futebol ao invés de ficar em casa esperando que chegue do trabalho com o jantar pronto?
Alias, você se sente perplexo quando uma mulher diz que não gosta de cozinhar e não se imagina casada, com filhos, cercada pela rotina, fazendo trabalhos domésticos? Você acha que o sonho de toda mulher é casar, ter filhos e cuidar de casa e do marido e se alguma diz que não quer isso é mal amada, encalhada ou infeliz?
 Como se sente ao lado de uma mulher inteligente, que saiba discutir sobre filosofia, futebol, economia, política e ainda é capaz de falar amenidades? Que transita entre assuntos complexos e simples, que tem atitude e não se enquadra nos padrões que esperam dela?
Você termina o namoro e fica com todas as amigas de sua ex, mas se acontece o contrário considera-a como alguém baixa, vil, Geni, que é boa de apanhar e boa de cuspir?
Moço, nesses casos, a palavra para 2016 é desconstrua-se!!!!!
Moço, me desculpe pelas negativas que receberá ao tentar impor algo na vida de uma dessas mulheres que não faça sentido para elas... Peço desculpas pelos “não, não sou obrigada” que receberá, ou desculpa por não pedir desculpas, afinal, ninguém é obrigada a nada....
Na verdade moço, não somos nós que devemos pedir desculpas, é você...
Peça desculpas por cada vez que tratou uma mulher na rua como um pedaço de carne e usou de palavras de baixo calão para “elogiá-la”, ao usar expressões que não gostaria que alguém falasse para sua mãe, irmã ou filha....
Peça desculpas pelas vezes em que assumiu seu lado dominador e tentou impor um padrão de beleza para sua companheira, comparando-a com antigas namoradas, ou deixou de olhar para ela por não corresponder às suas expectativas, que a agrediu verbalmente, fisicamente, que a intitulou como "biscate", "puta" por não se adequar à sua visão de mundo, deixando marcas com as quais até hoje ela luta para superar....
Peça desculpas por se achar o sexo forte, macho alfa, dominador, topo da cadeia evolutiva, por concordar com a diferença de salario para mesmas funções pelo simples fato de ser mulher.
Peça desculpas por saber o quanto é difícil ser mulher no Brasil e nunca pensar em fazer nada para atenuar essas discrepâncias que insistem em assolar nossa sociedade...
Sabe moço, eu tive sorte... desde pequena sempre tive uma arma: meus livros. Sim, brincava de barbie, casinha, mas também brincava de cilada, de desenhar, eu sabia que não precisava ser uma princesa, eu podia ser uma super-herói, vencer o mundo e não precisava casar e ter filhos para isso, para ser completa. Eu sabia que isso era fruto de escolha e nunca de imposição, mas você já parou para pensar quantas não tem a mesma sorte que eu? Mulheres que nascem com a ideia de que necessitam de um homem para ser realizadas, porque a sociedade machista e patriarcal assim dispõe? Essas mulheres muitas vezes são chamadas de românticas, carentes, pelas mesmas pessoas que  incentivam essa dependência e perpetuam que lugar de mulher é dentro de casa, cuidando do marido e dos filhos, elas são produto do meio, que consomem sua liberdade e individualidade e que ao mesmo tempo cospem seus sonhos....
Sabe moço é estranho....

De quem é a culpa e de quem se cobra essa conta?

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Desconstrução


                                                                   Ando
            D
E
  S
    C
       O
            N
S
 T
                R
                   U
                      I
                       N
                          D
                            O
As minhas verdades
Meu castelo de ideias ruiu
E o que restou Foi o silêncio que grita
A dor silenciosa de uma palavra não dita
A partida dolorosa
O fechamento para a vida....

Ando desconstruindo os meus preconceitos,
combatendo a estagnação,
lutando contra a inércia....
Ando a desconstruir o machismo,
O patriarcalismo....
E assim,
Reconstruindo
Tento dar um novo significado
Aos meus passos
E chego, finalmente ao ponto crucial desta viagem....
O encontro , não mais aquele encontro
Entre o eu e o tu,
mas entre o eu e a mim mesma...
Eros e Psiquê...
Antes, reconstruindo
Hoje,
                                                            R
                                                          E
                                                       C
                                                    O
                                                 N
                                              S
                                          T
                                      R
                                 U
                            V
                         I
                   N
              D
          O

...

Poema concretista escrito por mim, Carol Masotti 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Querer mesmo

Matha Medeiros

É difícil conseguir o que se quer. Só se torna menos difícil quando se quer mesmo !

O navegador Amyr Klink, ao ser perguntado por um repórter sobre o que sentia a respeito das pessoas que passam 30 anos trabalhando no mesmo escritório, sentadas a vida inteira diante da mesma escrivaninha,
respondeu: "Inveja". Klink admira quem consegue ser feliz numa rotina imutável e tediosa. Como ele não consegue, sai pelo mundo em busca de desafios.

Foi uma resposta provocativa. Inveja é justamente o que nós, seres confortavelmente acomodados, sentimos de Amyr Klink quando o vemos excursionar por cenários glaciais de tirar o fôlego e fazendo a superação dos seus medos a sua rotina. Qual o segredo desse cara, afinal, para conciliar família e aventura ? A gente também adoraria essa vida, mas a diferença entre ele e nós, acreditamos ingenuamente, é que ele tem patrocínio para sua falta de juízo, enquanto que nós temos juízo de sobra e dinheiro contadinho no final do mês.

Na verdade, nossa resignação é conveniente, já que realizar sonhos dá muito trabalho. A única diferença entre ser um navegador e ser uma economista-que-sonha-em-ser-um-navegador é que um quis mesmo. O outro não quis tanto assim.

Para romper convenções, e arriscar-se no desconhecido, é preciso querer mesmo. Querer mesmo escalar uma montanha, querer mesmo surfar uma onda assassina, querer mesmo filmar um documentário na África, querer mesmo ser correspondente de guerra, querer mesmo trabalhar na Nasa, só para citar outras aventuras supostamente inatingíveis. Querer mesmo, em vez de apenas
querer, abre a cancela de qualquer fronteira, seja ela geográfica ou emocional.

Antes de alcançar os pontos mais indevassáveis da Antártica a bordo de barcos equipados com alta tecnologia, Klink remou bastante, não ficou em casa mentalizando seu sonho. Querer mesmo significa abrir mão de uma série de confortos, tomar muito chá de banco, ver inúmeras idéias darem errado antes de darem certo. E, em troca, ser chamado de doido varrido.

Querer, a gente quer muita coisa. Mas quase sempre é um querer preguiçoso, um querer que não nos impulsiona a levantar da cadeira, ainda mais quando nosso projeto tem 0,5% de chance de sucesso. É difícil conseguiu o que se quer. Só se torna menos difícil quando se quer mesmo. Pena que alguns só
querem mesmo é ser rico ou ser gostosa, para isso fazendo coisas muito mais insanas do que faz Amyr Klink. O que todos deveriam querer, mas querer mesmo, é fugir da mediocridade.



“Nunca mais
é a expressão que durará pra sempre
entre nós a ausência, a surdez, a cegueira
nada, silêncio, nem um eco ou assovio
mata-se o amor no frio”


Martha Medeiros

Sereníssima

Sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta o meu desejo
Tente me obrigar a fazer o que não quero
E cê vai logo ver o que acontece
Acho que entendo o que você quis me dizer
Mas existem outras coisas

Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade
Tudo está perdido, mas existem possibilidades
Tínhamos a ideia, mas você mudou os planos
Tínhamos um plano, você mudou de ideia
Já passou, já passou - quem sabe outro dia

Antes eu sonhava, agora já não durmo
Quando foi que competimos pela primeira vez?
O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe
Não entendo terrorismo, falávamos de amizade

Não estou mais interessado no que sinto
Não acredito em nada além do que duvido
Você espera respostas que eu não tenho mas
Não vou brigar por causa disso
Até penso duas vezes se você quiser ficar

Minha laranjeira verde, por que está tão prateada?
Foi da lua dessa noite, do sereno da madrugada
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo

Legião urgana